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sábado, 13 de dezembro de 2008

CAPÍTULO XXV

Em Nove de Abril, de 1966, circulou em Cubatào "O FOFOQUEIRO", com edição especial comemorativa ao décimo sétimo aniversário de emancipação política do Município.
Caiu em minhas mãos, um exemplar desta edição, e encontrei nela vários comentários e reportagens, que coloco neste relato, para enriquecê-lo um pouco mais.
Vamos, então, às reportagens desta publicação, que circulou na Cuba-de-Então, onde haviam pessoas que, como os que editaram "O FOFOQUEIRO", eu nunca descobri quem eram, (ou quem era). Gente que sabia colocar humor em suas verdades. E numa homenagem à nossa terra natal, lá vai:

"Cubatão completa hoje 17 anos de vida independente. Bonita idade para uma jovem rica, embora feia. É bem provável que daqui até alcançar a idade predileta de Balzac, isto é, depois dos trinta, a Av. Nove de Abril esteja totalmente pavimentada; a agência postal-telegráfica já funcione em prédio próprio; a SJ tenha construído o ponto de parada próximo ao Jardim Casqueiro: o IAPI funcione em local onde, pelo menos, possa abrigar seus velhos beneficiados; a Coletoria Federal, a que mais arrecada em todo o Litoral, depois de Santos, esteja alojada em local onde, dê aparência de arrecadação; o Posto Fiscal e a Coletoria Estadual, já não precisem morar de favor... e assim por diante. Então, neste dia, festejaremos juntos, o aniversário da Cidade, e a instalação do primeiro buteco... na lua !"
Tudo isso veio a acontecer, bem antes da Cidade completar seus trinta anos... Podemos então, afirmar, que sem sombra de dúvidas, a Prefeitura de Cubatão, apesar de sua pouca pressa, às vezes, em resolver certos problemas, é ainda mais competente que a NASA, pois esta, não instalou seu buteco na lua até os dias de hoje... apesar de já se caminhar pra isso...


O trabalho que "O Fofoqueiro" fez, nos levando ao ano de 1949, quando nossa cidade ganha a verdadeira emancipação política, é uma obra prima, da ironia e do humor :

"l949 - Neste ano, Cubatão foi libertada da tutela de Santos, recebendo como "dote" um orçamento previsto em 249 mil cruzeiros. Houve como era natural, eleições gerais no novo município e a ela concorreram cinco candidatos a Prefeito e algumas dezenas à Câmara Municipal. Feita a apuração, coube o primeiro lugar para Prefeito, ao Sr. Armando Cunha, jovem centroavante do E.C. Cubatão, bananicultor, fazendeiro e proprietário. A Câmara formou-se inicialmente com o seguinte escrete: Álvaro; Benedito; Cláudio; Gentil; Gil; Lara; Olcese; J.Francisco; Pontt; Mayr; Tibiriçá; Raul e Victório. No decorrer do "match", houve diversas substituições, como veremos logo mais.
Assumindo o poder, o Armandinho verificou de imediato da impossibilidade de iniciar o jogo por absoluta falta de mesas, cadeiras, bidés, etc., além de impressos. Como resolver o problema? Armandinho, pensou um pouco e correu até seu antigo Clube. Ali convocou os seguintes craques: Lindoro; Zezinho; Avelino; Flávio e o garoto Lucas. Formada a equipe, embora com prejuízo para o Esquadrão do E.C. Cubatão, foi dada a saída e o jogo começou."

Em outra coluna do referido jornal, encontramos uma visão futurista do que seria Vila Socó, atual Vila São José, pela pena do(a), ou dos(as), editores(as)e redator(a) ou redatores(as) de tão brilhante publicação...

"A conhecida Vila Socó, segundo documentário fixado pela nossa objetiva supra eletrônica, será em futuro próximo um dos pontos mais atraentes de Cubatão. Segundo podemos observar pelas fotos que ensinam esta notícia, os atuais barracos serão eliminados, dando lugar a grandes arranha-céus; as pontes de madeira, serão substituídas por outras em alvenaria, com corrimão de metal; os riachos, depois de saneados, serão transformados em Rios Navegáveis, onde Gôndolas "a Veneza" farão o transporte de passageiros de umas para outras ruas. Terá um conjunto comercial moderníssimo com, inclusive, uma Casas Pernambucanas, porque cidade que se estima não pode prescindir de uma casa que venda tecidos e que traga o carimbo de "Pernambucanas". Haverá , finalmente, uma sub-prefeitura. Será a Princesa do mangue."

A profecia dO Fofoqueiro, só não veio a se concretizar, porque resolveram colocar "fogo", na pretensão do bairro.
Sobre a Câmara Municipal, o referido jornal escrevia:

"A luta é grande pela conquista da Presidência. Cinco, pelo menos, são os candidatos à suprema cúria da Rua São Paulo. Direitos são evocados... a luta esta aberta. O duro mesmo será a composição da mesa: ninguém quer a vice-presidência ou as secretarias, e a razão apresentada é que naqueles postos, o camarada , ou melhor, o camarista, nada ganha além do subsídio... Melhor será, dizem alguns, serem membros das Comissões onde sempre entraram os 10%."

Já naquele tempo, as coisas não eram diferentes do que é hoje, não é?
O referido jornal possuía seu "patrocinador", com direito a criação publicitária e tudo mais:

"Bar e Restaurante São Paulo - Onde você come, assiste brigas e confusões, sem pagar um tostão a mais."

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